06/09/2019 - 10:35
O vegetarianismo é frequentemente associado à vida saudável e ao bem-estar animal, mas não está livre de contratempos. Um grande estudo britânico publicado hoje (6 de setembro) no periódico “The British Medical Journal” concluiu que dietas vegetarianas (incluindo veganas) e pescetarianas (que incluem peixes e frutos do mar, mas excluem a carne de outros animais) podem estar ligadas a um risco menor de doença cardíaca coronária do que dietas que incluem carne. No entanto, vegetarianos e veganos apresentaram um risco maior de derrame do que carnívoros, particularmente derrame hemorrágico (sangramento no cérebro). Para os pesquisadores, isso pode refletir baixos níveis sanguíneos de colesterol total ou baixa ingestão de certas vitaminas.
Estudos anteriores indicavam que os vegetarianos têm um risco menor de doença coronariana do que os não vegetarianos. Mas ainda não há pesquisas amplas sobre a extensão total dos potenciais benefícios e riscos para a saúde das dietas que evitam carne. Pouco se falou sobre a diferença de risco de acidente vascular cerebral (AVC), o popular derrame cerebral, por exemplo.
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Pesquisadores da Universidade de Oxford decidiram investigar os riscos de doença coronariana e derrame em vegetarianos, pescetarianos e carnívoros ao longo de 18 anos. O estudo, liderado por Tammy Tong, incluiu informações sobre 48.188 pessoas. Os participantes, com idade média de 45 anos, foram recrutados entre 1993 e 2001, não tinham histórico de doença coronariana nem de AVC.
Nutrientes a menos
Depois de serem considerados fatores que afetam a saúde, como histórico médico, tabagismo, atividade física e uso de suplementos alimentares, pescetarianos e vegetarianos apresentaram, respectivamente, um risco 13% e 22% menor de doença coronariana do que os carnívoros. A diferença pode ser explicada, pelo menos em parte, porque o último grupo em geral registra índice de massa corporal (IMC) maior e taxas mais elevadas de hipertensão, colesterol e diabetes, afirmam os autores.
Por outro lado, vegetarianos e veganos tiveram um risco 20% maior de derrame total do que os carnívoros, principalmente devido a uma maior taxa de derrame hemorrágico.
Os autores da pesquisa acreditam isso se relaciona ao fato de que os vegetarianos e veganos apresentaram no estudo menos colesterol circulante e níveis menores de vários nutrientes (por exemplo, vitamina B 12) do que os que carnívoros.
Os pesquisadores ressaltam que, como os resultados foram baseados principalmente em indivíduos europeus brancos, podem não ser aplicáveis em países de baixa e média renda. “(…) o estudo teve um grande tamanho de amostra e monitoramento em longo prazo, mas são necessárias mais pesquisas para replicar os resultados em outras populações e deve incluir medidas adicionais de fatores nutricionais”, observou Tammy Tong.