“O espaço é grande. Grande, mesmo. Não dá pra acreditar o quanto ele é desmesuradamente inconcebivelmente estonteantemente grande. Você pode achar que da sua casa até a farmácia é longe, mas isso não é nada em comparação com o espaço”, escreveu Douglas Adams em seu livro O Guia do Mochileiro das Galáxias.

O espaço é mesmo grande. Vivemos em um pequeno planeta orbitando uma estrela nos confins de uma galáxia. Apenas uma galáxia entre cerca de 2 trilhões no universo e, isso, as conhecidas. O espaço é realmente enorme.

O planeta Terra está localizado em um dos braços espirais da Via Láctea, chamado de Braço de Órion, que fica a cerca de dois terços da distância do centro da galáxia.

Sabemos o tamanho da Terra: 12.756 quilômetros de diâmetro. E também sabemos o tamanho do nosso sol, cerca de 1.391.000 quilômetros de diâmetro.

Mas qual é o tamanho da Via Láctea? O tamanho real das galáxias sempre foi um mistério. Até agora.

As galáxias são bem maiores do que pensávamos

Um novo estudo, publicado na revista Nature Astronomy, descobriu que as galáxias são bem maiores do que se acreditava originalmente e talvez várias vezes bem maiores.

A estrutura em espiral da galáxia que conhecemos é apenas o núcleo da galáxia. No caso da Via Láctea, esse núcleo tem cerca de 100.000 anos-luz de diâmetro.

A luz das estrelas aninhadas nos braços espirais se estende por cerca de 7.800 anos-luz no espaço profundo. Anteriormente se pensava ser este o ponto em que uma galáxia terminava e o espaço profundo começava.

O estudo revelou que grandes “halos” de gás (atmosferas gasosas das galáxias) se estendem das espirais visíveis da luz das estrelas até o espaço profundo.

Esses halos de gás só se tornaram visíveis para os astrônomos com novas técnicas de imagem. Os métodos permitiram que os astrônomos detectassem halos de gás de galáxias a mais de 100.000 anos-luz no espaço profundo, aumentando enormemente nossas estimativas do tamanho das galáxias.

Galáxias que se beijam

De fato, os halos de gás das galáxias se estendem tão longe no espaço profundo que as galáxias realmente interagem umas com as outras.

As descobertas sugerem que nossa Via Láctea provavelmente está interagindo com nossa vizinha mais próxima, Andrômeda, a cerca de 2,5 milhões de anos-luz de distância, de acordo com Nikole Nielsen, principal autor do artigo e pesquisador da Universidade de Swinburne, na Austrália.

“Estamos vendo agora onde a influência de uma galáxia cessa, a transição em que ela se torna parte de mais coisas ao redor da galáxia e, por fim, onde ela se junta à rede cósmica mais ampla e a outras galáxias. Em geral, todos esses limites são imprecisos”, explica Nielsen em comunicado à imprensa.

Os cientistas dizem que a descoberta ajudará a entender uma das maiores questões da astronomia: como as galáxias evoluem?

O estudo dos halos de gás de diferentes tipos de galáxias, as que formam e as que não formam mais estrelas, ajudará a entender como as galáxias ganham massa ao longo do tempo e qual o impacto que as galáxias têm umas sobre as outras quando interagem.