Novas animações surpreendentes da Terra mostram como a superfície do planeta mudou nos últimos 100 milhões de anos. Essas animações são a visão mais detalhada da história da topografia da Terra, retratando a ascensão de montanhas, o desenvolvimento de bacias e o transporte de grandes massas de sedimentos ao redor do globo através da erosão.

As animações mostram os movimentos das placas tectônicas, as grandes jangadas de crosta que se chocam umas contra as outras para formar cadeias de montanhas e se separam para formar as bacias oceânicas. Quando essas placas mergulham no manto, nas zonas de subducção, elas dão origem a vulcões e terremotos que dão forma ao planeta.

Mas também existem outras forças que moldam a superfície: a precipitação erode a superfície, enquanto a taxa de intemperismo altera os níveis de dióxido de carbono no ar, criando um ciclo de retroalimentação que liga a terra à atmosfera.

“Embora a dança dos continentes tenha sido estudada extensivamente, ainda somos limitados em nossa compreensão e representação de como a superfície da Terra evoluiu”, disse Tristan Salles, professor sênior de geociências da Universidade de Sydney e o principal autor de um novo artigo descrevendo o modelo, publicado em 2 de março na revista Science.

“O que trazemos com este novo modelo, é uma forma de avaliar como essa superfície mudou (globalmente e em escalas de tempo geológicas) moldada por suas interações com a atmosfera, a hidrosfera, o dinâmica tectônica e do manto”, escreveu Salles em um e-mail para a Live Science.

O modelo começa há 100 milhões de anos em meio à fragmentação do supercontinente Pangeia, que começou a ocorrer há cerca de 200 milhões de anos. No início da animação, os continentes que se tornarão a África e a América do Sul já são reconhecíveis, com os continentes do Hemisfério Norte se unindo dezenas de milhões de anos depois.

O azul mostra o fluxo de água, enquanto o vermelho mostra a intensidade da deposição de novos sedimentos por erosão. “Este modelo de alta resolução sem precedentes do passado recente da Terra equipará os geocientistas com uma compreensão mais completa e dinâmica da superfície da Terra”, disse o co-autor do estudo Laurent Husson, geólogo do Instituto de Ciências da Terra (ISTerre) em Grenoble, França, em um comunicado.

Juntar todas essas diferentes pressões na evolução da Terra, desde os movimentos das placas até o fluxo da água e as lentas mudanças no manto, fornece uma nova maneira de fazer perguntas sobre tudo, desde a regulação do clima até as formas a circulação da atmosfera afeta a erosão na terra.

Os pesquisadores descobriram que a taxa de movimentação de sedimentos em todo o mundo provavelmente era muito maior do que os cientistas acreditam com base na observação, provavelmente porque o registro sedimentar é fragmentado.

As taxas gerais de erosão têm sido bastante estáveis ​​nos últimos 100 milhões de anos, de acordo com Salles, mas houve mudanças em se o sedimento acaba preso em bacias de baixa altitude em terra ou, finalmente, flui para o mar.

Por exemplo, houve uma duplicação do fluxo de sedimentos para os oceanos entre cerca de 60 milhões e 30 milhões de anos atrás, o que provavelmente foi associado à ascensão das montanhas do Himalaia e do planalto tibetano, escreveram os pesquisadores.

Essas nuances podem ser importantes, segundo Salles. Por exemplo, algumas das primeiras formas de vida se formaram em ambientes marinhos rasos, onde microorganismos aproveitaram a fotossíntese pela primeira vez e deixaram para trás formações mineralizadas conhecidas como estromatólitos.

“Pensa-se que o fluxo de sedimentação pode ter fornecido uma fonte de nutrientes para esses primeiros organismos, permitindo que eles prosperassem e evoluíssem com o tempo. Nós imaginamos que nosso modelo poderia ser usado para testar tais hipóteses de longa data sobre a origem da vida na Terra”, afirmou Salles.