31/01/2025 - 10:00
Um vídeo postado pela moradora mineira Bruna Naomí em seu perfil das redes sociais causou curiosidade na população da região. Na filmagem várias aranhas aparecem flutuando em uma espécie de teia gigante, o que simula uma “chuva de aranhas”.
O site Revista Planeta conversou com o biólogo do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Minas Gerais, Adalberto J. Santos, para entender o caso.
Ao contrário do conhecimento popular, o fenômeno não é incomum, ele acontece todos os anos durante o pico de atividade dos filhotes da espécie. O grupo conhecido como Parawixia bistriata é comum do Cerrado e do Chaco paraguaio e argentino
“Os filhotes desta espécie vivem juntos, passando o dia aglomerados na vegetação. Durante a noite eles constroem suas teias para captura de presas. Cada indivíduo constrói a própria teia, que é conectada às teias dos vizinhos por fios de seda. Com isto, temos este enorme lençol com várias aranhas. Cada parte captura presas (em geral, insetos voadores, raramente aves ou morcegos) individualmente”, explica o especialista sobre a formação do fenômeno do vídeo.
Ele ainda completa dizendo que quando a teia consegue reter uma presa grande, o grupo de aracnídeos se divide em seu consumo, compartilhando a caça capturada.
“Ao alvorecer, as aranhas comem suas teias (uma forma de reciclar as proteínas da seda) e se aglomeram de novo na vegetação. E elas continuam assim até ficarem adultas, quando se dispersam e não toleram mais a proximidade com outras aranhas, exceto quando machos invadem as teias das fêmeas para acasalar”, finaliza.
Sobre os benefícios e alertas do caso, o pesquisador explica que a espécie auxilia no controle das populações de insetos e que seu veneno tem apresentado resultados promissores em testes de laboratórios – uma de suas proteínas pode ser possivelmente usada em tratamentos de epilepsia.
“Quanto ao perigo, esta espécie é basicamente inofensiva. Existem poucos registros de picadas em humanos, e todos mostraram sintomas leves (dor local, leve inflamação), facilmente tratáveis. Além do mais, não é fácil ser picado por esta espécie, já que ela não vive no interior de habitações humanas”.