22/06/2016 - 15:59
Como hospedar os cerca de 18 mil atletas e oficiais que participarão da Olimpíada do Rio? No projeto inicial, as construtoras Carvalho Hosken e Odebrecht pensaram alto: planejaram a construção na Barra da Tijuca, perto do Parque Olímpico, de 31 torres divididas em sete condomínios, com um total de 3.604 apartamentos que abrigarão os mais luxuosos alojamentos da história dos Jogos.
O preço das obras, de R$ 2,9 bilhões, é justificado por aspectos como o uso de tecnologia de ponta, recursos sustentáveis e jardins assinados pelo escritório Burle Marx. Depois do período olímpico e paralímpico, os prédios, programados para ser entregues no primeiro trimestre de 2016, passariam a formar o bairro Ilha Pura e seriam comercializados no mercado.
Em termos sustentáveis, as obras de fato são motivo de orgulho. O programa ambiental adotado possui seis pilares: redução das emissões de gases de efeito estufa, uso eficiente da água, redução no consumo de energia, gerenciamento de resíduos, meio ambiente e sociedade, mobilidade. As iniciativas incluem a criação de um sistema especial para evitar atrasos e gasto excessivo em obras, o ViaWMS, que possibilita saber o volume de resíduos a ser reutilizados no canteiro.
Durante três anos de construção, medidas como a instalação de usina de concreto e implantação de coleta seletiva no próprio canteiro evitaram a emissão na atmosfera de 50 mil toneladas de CO2, um volume equivalente à preservação de uma área florestal do tamanho de 146 campos de futebol. Oito mil metros quadrados de telhados verdes ajudam a reduzir a sensação térmica no bairro, reduzindo a necessidade do uso de ar-condicionado. Dispostas nas coberturas de três prédios, 76 placas solares farão o aquecimento da água para banho. Detalhes como esses tornaram o Ilha Pura o primeiro bairro da América Latina a conquistar a pré-certificação LEED Bairros, concedida pelo Green Building Council.
Os construtores não contavam, porém, com a crise econômica que tomou conta do país desde 2014. Uma primeira leva de 600 apartamentos foi posta à venda em outubro daquele ano, com preços variando entre R$ 750 mil e R$ 3 milhões, mas apenas 230 imóveis foram efetivamente comercializados. As construtoras calculam que, se os negócios não melhorarem até 2018, a saída será destinar os apartamentos à locação. Seria um destino inglório para um bairro construído com tanto zelo ambiental.