Revolução nos transportes

O norte-americano Elon Musk, fundador da montadora de carros elétricos Tesla e da empresa de foguetes SpaceX, lançou em agosto uma proposta de transporte que beira a ficção científica: o Hyperloop. Trata-se de cápsulas para até 28 passageiros que viajariam a até 1.200 km/h sobre almofadas de ar pressurizado, através de um tubo pneumático. Modelos da Ansys, empresa especializada em criar softwares de simulação para a indústria do transporte, mostraram que a ideia não contraria as leis da física e pode vingar, com ajustes. A Califórnia planeja investir US$ 80 bilhões num trem-bala que percorrerá 695 km, de Los Angeles a San Francisco, em menos de três horas, mas Musk garante que o Hyperloop é muito melhor: custaria “apenas” US$ 7 bilhões, faria o trajeto em 35 minutos e a passagem sairia por US$ 20. Falta, agora, conseguir o dinheiro e as licenças oficiais para construir as estações e os tubos – além, é claro, de fazer muitos testes para consolidar o projeto.

Libido em baixa

As cerca de 1.500 arraias-jamanta das ilhas Maldivas, no Oceano Índico, são bem protegidas e têm uma vida bem mais calma do que suas parentes do Sri Lanka e de países próximos, caçadas para abastecer o mercado de medicina chinesa. Desde 2009, porém, as fêmeas pararam de engravidar. Como sua taxa de reprodução é baixa (um fi lhote a cada dois ou três anos), o fenômeno assusta os ambientalistas. A explicação estaria na redução de alimento disponível, causada pela queda na velocidade do vento na região. A esperança é que 24 acasalamentos foram vistos recentemente. O habitual seriam cerca de 200, mas as duas dúzias já servem como alento. Falta de disposição para o namoro.

Genialidade neuronal

O cérebro de Albert Einstein não se destacava de outros por tamanho ou forma, mas exibia conexões de qualidade incomum entre os hemisférios esquerdo e direito. Um estudo da Universidade Normal do Leste da
China, publicado em outubro na revista Brain, comparou, por uma nova técnica, a localização e a espessura dos nervos que cruzavam o cérebro do físico alemão com material similar de 15 indivíduos mais velhos e de 52 pessoas da mesma idade de Einstein em 1905. As medições mostraram que havia conexões mais amplas em áreas específicas dos hemisférios cerebrais do cientista, o que aumenta a possibilidade de  desenvolver funções diferentes nas regiões cruzadas por esses nervos.

A rota

O Hyperloop pode atingir até 1.200 km/h. O trajeto entre Los Angeles e San Francisco poderia ser concluído em 35 minutos.

Barulho nocivo

Dois estudos publicados em outubro no British Medical Journal mostram que altos níveis de poluição sonora causada pela passagem de aviões estão ligados a doenças cardiovasculares ou derrames. O primeiro, britânico, revelou que cerca de 72 mil pessoas que moram mais perto do aeroporto de Heathrow têm um risco entre 10% e 20% maior de moléstias cardíacas do que quem vive em áreas mais silenciosas. O segundo, americano, constatou que o barulho dos aviões é a causa de mais de 2% das internações por doenças cardiovasculares.

Gôndolas emplacadas

Um acidente em setembro, que custou a vida de um turista alemão, levou a prefeitura de Veneza (Itália) a lançar um pacote de medidas para controlar o caótico fluxo das embarcações que cruzam os canais da cidade. As tradicionais gôndolas são as primeiras a mudar: a partir de novembro, elas devem ter uma placa com números de identificação, que permite a câmeras de vigilância flagrar eventuais infrações de trânsito, e um GPS, que informa aos fiscais se os barcos estão onde deveriam estar. Frisos reflexivos também devem ser afixados aos costados das gôndolas, para deixá-las mais visíveis.

Dores da transição

Em 2011, a Alemanha anunciou que fecharia suas centrais nucleares até 2020 e mudaria quase totalmente para energia solar e eólica até 2050. O orçamento da operação, de US$ 735 bilhões, não pára de subir, devido à inconstância do vento ou da luz solar e da falta de ligação dos novos projetos eólicos e solares às redes de transmissão de energia, problema similar ao registrado no Brasil. Com isso, as contas de luz encarecem para os consumidores, que subsidiam as operadoras de energia renovável. Na próxima década, o país terá de investir US$ 27 bilhões para construir 2.700 km de linhas e modernizar as existentes, para pôr na rede a energia dos novos projetos.

Miss Islã

Marcado para 28 de setembro na Indonésia, o maior país muçulmano do mundo, o concurso Miss Mundo provocou tantos protestos que a cerimônia foi transferida da capital, Jacarta, para a ilha de Bali. Outra reação ao evento foi bem mais pacífi ca: o “Muslimah World”, concurso de beleza no qual as candidatas passaram por uma bateria de questões sobre suas relações com o Islã, que incluía quando começaram a usar o véu (item obrigatório na competição). Das mais de 500 concorrentes iniciais, 20 chegaram à fi nal, realizada em Jacarta em 18 de setembro. A felizarda vencedora, a nigeriana Obabiyi Aishah Ajibola, ganhou um prêmio de cerca de US$ 2.200, além de viagens para Meca e a Índia.

Transparência opaca

As mais importantes multinacionais brasileiras têm muito a progredir em termos de combate à corrupção, transparência organizacional e prestação de contas sobre suas atividades. O recado é da ong Transparência Internacional, que divulgou em outubro, na Alemanha, um relatório que analisa a ética nos negócios das 100 maiores empresas internacionais de 16 países emergentes. Segundo a entidade, as grandes companhias desses países (entre os quais estão os Brics, grupo que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão longe dos modelos de combate à corrupção e ao abuso de poder vigentes nos EUA e na Europa. Numa escala de 0 a 10, apenas 25 empresas conseguiram nota acima de 5; a média foi 3,6. A primeira das 13 brasileiras da lista, a Marcopolo, ocupa o 30º posto, com nota 4,8. A pior é a Odebrecht, em 97º lugar, com nota 0,2. Com nota média de 3,4, as empresas brasileiras (veja as notas abaixo) só ficaram à frente das estatais chinesas avaliadas.

Planeta avulso

Planetas que não orbitam estrelas são raridades, mas pelo visto não tão excepcionais assim. Em outubro, 11 meses após o anúncio da existência do CFBDSIR2149, a 100 anos-luz da Terra, uma equipe internacional de astrônomos afirmou ter achado um astro similar na constelação de Capricórnio, a “apenas” 80 anos-luz de nós. Denominado PSO J318.5-22, é um gigante gasoso com massa seis vezes maior que a de Júpiter e nasceu há somente 12 milhões de anos. “Sempre quis saber se esses objetos solitários existiam, e agora sabemos”, afirma Michael Liu, do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí e líder do estudo, publicado no Astrophysical Journal Letters.

Etiqueta para turistas chineses

O recente aumento da classe média chinesa provocou um salto nas viagens internacionais e, com isso, um problema incômodo: segundo um líder do país, o “comportamento não civilizado” de compatriotas no exterior prejudica a reputação da China. Só entre 1997 e 2012, o número de chineses no estrangeiro subiu de 5 milhões para 87 milhões, informa a Organização Mundial de Turismo. Para reduzir o mal-estar, o governo lançou um guia de boas maneiras no exterior, com 64 páginas. As instruções incluem não furar fila em museus, não levar coletes salva-vidas de aviões, não pôr o dedo no nariz ou palitar dentes em público, não usar o metrô sem pagar o bilhete e não jogar lixo no chão.

Antibiótico contra superbactérias

A antracimina, um antibiótico extraído de um microrganismo marinho, pode ser a resposta adequada à ação das superbactérias, informam cientistas americanos em artigo publicado em julho na revista alemã Angewandte Chemie. Ela mostrou eficiência no combate ao Staphylococcus aureus, bactéria
que desenvolveu resistência à maioria dos antibióticos, e eliminou o Bacillus anthracis, bactéria que causa o antraz e é usada em armas químicas. A estrutura química do composto – extraído da bactéria Steptomyces, encontrada pelo cientista Christopher Kauffman em sedimentos do Oceano Pacífico – pode gerar uma nova família de antibióticos.

Asteroide assassino

Cientistas internacionais afirmam, em estudo publicado na edição de setembro da revista Pesquisa Fapesp, que a maior extinção em massa da Terra, a do Permiano- Triássico, há 254 milhões de anos, nasceu da queda de um asteroide de 4 km de comprimento em Araguainha (MT). O incidente abriu uma cratera de 40 km de diâmetro e deflagrou eventos que levaram 96% das espécies marinhas e 70% das espécies vertebradas terrestres a desaparecer. Como, segundo os pesquisadores, a região de Araguainha armazenava muito carbono orgânico, o impacto liberou tanto metano na atmosfera que produziu  rapidamente um forte aquecimento global. Sem tempo para adaptar-se, diversas espécies morreram.