17/04/2014 - 14:32
Dois séculos de seca
Uma mudança climática foi responsável pelo declínio das antigas megacidades do vale do Rio Indo, entre o Paquistão e a Índia, segundo cientistas britânicos e indianos que anunciaram a pesquisa na revista Geology de fevereiro. Ao examinar cascas de caracóis depositadas no leito de um lago seco próximo ao limite oriental da bacia do Indo, os pesquisadores descobriram que uma série de fortes secas afetou a região durante 200 anos, entre 2100 a.C. e 1900 a.C. Cidades como Harappa e Mohenjo-daro, com cinco séculos de história e mais de 100 mil habitantes, não resistiram às transformações e entraram em colapso.
Desperdício perverso
Um relatório do Banco Mundial lançado em fevereiro afirma que um terço dos alimentos produzidos no mundo não é consumido, acarretando preços inflados artificialmente e recursos desperdiçados. Enquanto os países ricos jogam fora um grande volume da produção, as nações em desenvolvimento padecem com instalações lastimáveis para o manejo e o armazenamento, o que leva à perda de alimentos. “A quantidade de comida desperdiçada e perdida em nível global é vergonhosa”, afirma Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial. Segundo a instituição, o volume de alimentos básicos caiu 11% em 2013 e está 18% abaixo do teto atingido em 2012. O cenário é amenizado pelas produções recorde de trigo e milho, que forçaram para baixo os respectivos preços em 21% e 40%.
Pizza de batalha
Soldados em zonas de batalha precisam de alimentos que dispensem geladeira ou freezer. Até recentemente, a comida preferida dos combatentes americanos – pizza – era uma impossibilidade, porque não havia jeito de o molho e o queijo se manterem no lugar dentro da embalagem. Entretanto, um laboratório militar de Massachusetts acaba de resolver o problema: adicionou ingredientes no molho e no queijo que retêm a umidade e redesenhou o envoltório. O resultado é uma fatia de pizza de pepperone que dura até três anos na embalagem. Logicamente, o sabor não é o mesmo de uma pizza recém-saída do forno. Mas os criadores esperam que ela quebre um galho para os soldados.
Grafite na Grande Muralha
As autoridades chinesas que cuidam da Grande Muralha, na região de Mutianyu, 70 quilômetros a nordeste de Pequim, cansaram de combater sem sucesso os visitantes que deixam inscrições no monumento – apesar dos avisos proibindo a prática, junto com o hábito chinês de cuspir. O jornal China Daily anunciou que, a partir de março, a atividade será liberada no edifício da Torre de Vigilância 14 e, se a ideia funcionar, duas outras áreas serão abertas para essa finalidade. Um dos encarregados disse ao jornal que o local será desenvolvido para se tornar, ele próprio, uma atração turística. A maioria das inscrições está em inglês, mas várias outras línguas estão representadas.
Emenda pior que o soneto
A geoengenharia e suas estratégias mirabolantes de manipulação tecnológica do clima não são recomendáveis, afirmam cientistas do Centro Helmholtz de Pesquisa do Oceano, em Kiel (Alemanha). Eles avaliaram modelos em computador de cinco métodos radicais propostos. A redução máxima obtida na temperatura seria de 8%, enquanto o sistema climático se tornaria caótico. Refletir a luz solar com espelhos no espaço, por exemplo, alteraria os padrões de chuva. Reflorestar desertos na Austrália e no norte da África mudaria os padrões de vento e poderia reduzir o crescimento das árvores em outras regiões. Trazer água do fundo do mar para cima resfriaria as temperaturas na superfície e diminuiria o derretimento do gelo marinho, mas romperia o equilíbrio global de calor e despejaria limalha de ferro no oceano, afetando os níveis de oxigênio da água. Em suma: quanto mais o homem puser a mão no problema, mais desordem vai causar.
Aeronave híbrida
Os zepelins alemães fi caram no passado, mas um parente deles pode estar entrando no mercado: o HAV304, ou “Airlander”, um misto de dirigível, helicóptero e avião que a Hybrids Air Vehicles, do Reino Unido, exibiu pela primeira vez em fevereiro. O projeto, desenvolvido pela área militar dos Estados Unidos, envolve pousos e decolagens em superfícies como gelo, água, desertos e campos gramados. Seu atrativo ambiental está no emprego do hélio, um gás inerte, para inflar o dirigível. Com viagem inaugural prevista para o fim do ano, o Airlander poderá ser usado em várias funções, como vigilância, comunicações, ajuda humanitária e turismo de observação. A Hybrids Air Vehicles planeja construir centenas de aparelhos para transportar carga e passageiros. Veja as características do projeto.
Blackout espesso
o consumo de energia é um fator importante para se avaliar o desenvolvimento de um país. o portal earth observatory, da Nasa, mostrou isso com nitidez em 24 de fevereiro, ao apresentar uma foto noturna da península da coreia, tirada pelos astronautas da estação espacial Internacional no dia 30 de janeiro. enquanto a coreia do sul, no canto direito inferior da foto, aparece claramente iluminada, com destaque para a região metropolitana da capital, seul (habitada por 25,6 milhões de pessoas), a coreia do Norte praticamente some no mar. em meio às trevas, a maior exceção é a capital, pyongyang, com 3,2 milhões de habitantes, uma ilha na foto, comparável à luminosidade de pequenas cidades sul-coreanas. o consumo de energia per capita na coreia do sul é de 10.162 quilowatts-hora. o da coreia do Norte é de 739 kWh.
Colisão recorde
Astrônomos espanhóis fl agraram, em 11 de setembro de 2013, o maior impacto já registrado de um meteorito contra a Lua. A colisão foi equivalente a uma explosão de 15 toneladas de TNT, o triplo do recorde anterior, observado pela Nasa em março do ano passado. Viajando a 61.000 km/h, a rocha de 400 quilos e um metro de diâmetro abriu uma cratera de 40 metros de largura e produziu um clarão visível a olho nu durante oito segundos. Embora reconheça que o meteorito foi uma exceção entre os milhares que caem a cada ano na Lua, o astrônomo líder do grupo, José Madiedo, disse que ele não causaria problemas na Terra: o atrito com a atmosfera o desintegraria antes de ele tocar o solo.
Tristeza mortal
Um coração partido pode ajudar a matar, afi rmam cientistas britânicos. Pesquisadores da Universidade de Londres examinaram informações clínicas de milhares de pessoas de 60 anos ou mais do Reino Unido, algumas das quais haviam perdido seus cônjuges recentemente, por morte. Eles descobriram que 16 de cada grupo de 1.000 pacientes sofreram um ataque cardíaco ou um derrame em no máximo 30 dias após a perda do par, um índice 100% maior do que o observado naqueles cujo cônjuge estava vivo. O risco mais elevado começa a cair conforme o limite de 30 dias é vencido, diz o estudo, publicado em fevereiro na revista JAMA Internal Medicine.
Retrato de nêutrons
Cientistas italianos criaram uma nova hipótese para o sudário de Turim, a mortalha de linho que, segundo os cristãos, teria abrigado o corpo de Jesus após sua crucifi cação. A equipe liderada por Alberto Carpinteri, do Politécnico de Turim, acredita que o terremoto de magnitude 8,2 que sacudiu Jerusalém em 33 d.C. teria liberado um enorme fl uxo de nêutrons de rochas trituradas, os quais, ao reagirem com núcleos de nitrogênio, teriam imprimido no tecido uma imagem como as de raio X de um homem crucifi cado com braços cruzados. Além disso, a radiação teria elevado o nível de isótopos de carbono 14 no sudário. Para os cientistas, isso explicaria por que a datação feita em 1988 na Universidade de Oxford (Inglaterra) atribuiu à mortalha apenas 728 anos de idade, o que a tornaria uma fraude.
Marcas de revolucionário
Nas pinturas da sua época, Maximilien de robespierre, líder da revolução francesa guilhotinado em 1794, exibia bochechas rosadas e boa saúde. Mas a reconstituição em 3D de seu rosto mostra algo diferente. usando moldes de cera feitos logo após a morte do político, especialistas liderados por philippe froesch chegaram a uma recomposição que mostra marcas de doenças no personagem. responsável pela recriação de rostos de simon Bolívar e do rei francês henrique IV, froesch contou mais de 100 cicatrizes no molde, consequência de varíola e de sarcoidose, moléstia que causa a erupção de nódulos inflamatórios. as rugas, as linhas de expressão e as bolsas sob os olhos também indicam que o revolucionário estava sob constante estresse – o que é bastante provável. a recriação não agradou nada aos descendentes de robespierre e a correntes da extrema-esquerda francesa, que atacaram com virulência o resultado. espantado, froesch afi rmou que “políticos responsáveis são capazes de violências verbais quando uma imagem não corresponde às suas expectativas”. Não dá para negar, entretanto, que algo no olhar recomposto do líder remete à violência da revolução que guilhotinou milhares na frança. o poeta curitibano paulo Leminski escreveu em 1984 que o revolucionário buscava a pureza dos princípios até o exagero, condenando à morte, implacável, seus próprios companheiros de militância, “com o rosto de pedra de um rei assírio”. até ser preso, julgado rapidamente e guilhotinado.