04/09/2017 - 8:47
Natureza como inspiração
O biomimetismo, disciplina pela qual novas tecnologias e produtos são desenvolvidos com base ou inspiração no que a natureza já fez, continua a render dividendos. Nesta foto tirada em 16 de junho, o estudante sul-coreano de pós-graduação em engenharia química Baik Sang-Yul segura uma tira do adesivo inspirado nas ventosas do polvo, em seu laboratório na universidade de Sung Kyun Kwan, na região da capital do país, Seul. O poder de aderência dos tentáculos do polvo inspirou esse adesivo que funciona em superfícies úmidas e oleosas. Os cientistas descobriram que o impressionante poder de sucção dos polvos advém de minúsculas bolas dentro das ventosas que revestem seus tentáculos. O novo adesivo “tolerante à umidade” foi aclamado como um avanço pelo Ministério da Ciência e da Tecnologia sul-coreano e poderá ser usado em setores tão variados quanto a medicina e a indústria pesada.
Barulho prejudicial
Além de maltratar a audição, morar perto de aeroportos pode aumentar o risco de doenças cardíacas, segundo um estudo publicado em junho na revista Occupational & Environmental Medicine. A pesquisa usou dados de 420 pessoas que viviam perto do Aeroporto Internacional de Atenas (Grécia) entre 2004 e 2006, época em que até 600 aviões decolavam e pousavam ali diariamente. Cerca de 50% dos participantes foram expostos a mais de 55 decibéis entre 7h e 23h, e 25% foram expostos a mais de 45 decibéis durante o resto do período. Na década seguinte, 71 dessas pessoas receberam diagnóstico de alta pressão e 44, de arritmia cardíaca. A exposição ao ruído das aeronaves, sobretudo à noite, foi associada à pressão sanguínea mais alta, e a cada 10 decibéis adicionais dos aviões noturnos correspondia uma elevação de 69% no risco desse problema.
Bronzeamento sem riscos
O sonho de bronzear a pele sem se submeter ao sol e correr o risco de desenvolver câncer de pele está mais próximo: cientistas americanos descobriram uma substância que, sob a forma de creme, conseguiu esse resultado em ratos de pelo vermelho (também suscetíveis a câncer de pele) estimulando suas células que produzem pigmentos escuros. Descrita em um estudo publicado em junho na revista Cell Reports, a substância foi testada em amostras de pele humana em laboratório e comprovou-se que ela obtém um bronzeamento de vários dias, de acordo com as doses administradas e a frequência das aplicações. O passo seguinte é submeter o composto a testes pré-clínicos para descobrir se sua aplicação em humanos não oferece riscos.
horas levaram para ser impressas em 3D quase todas as peças que compunham o motor do foguete Electron lançado ao espaço na Nova Zelândia em 25 de maio. As principais vantagens apresentadas pela empresa americana RocketLab para essa forma de produzir o motor são a redução de peso e a maior facilidade para tirar do papel novas e complexas estruturas.
Templo redescoberto
Construída no local de Tenochtitlán, a capital asteca, a Cidade do México guarda incontáveis segredos arqueológicos. Um deles foi descoberto em junho, em escavações numa rua próxima do Zócalo, a imensa praça central da metrópole: os restos de um templo asteca e de uma quadra do jogo de bola praticado pelos nativos. De formato circular, o templo era dedicado ao deus do vento Ehecatl, e ao lado da quadra vizinha a ele havia uma pilha de 32 vértebras humanas – uma oferenda sacrificial, na opinião do arqueólogo Raúl Barrera, que participou das escavações. Parte do reboco branco original do templo, erguido entre 1486 e 1502, continua visível. A construção foi citada por cronistas espanhóis da época do conquistador Hernán Cortés.
Drone desfibrilador
A versatilidade dos drones foi ampliada em junho com a divulgação de um estudo do Instituto Karolinska, de Estocolmo (Suécia), na revista Journal of the American Medical Association: segundo os pesquisadores, um aparelho desses equipado com um desfibrilador chegou em média 16 minutos antes de um serviço de emergência em casos de ataque cardíaco, permitindo um atendimento mais rápido. Jacob Hollenberg, diretor do centro de ressuscitação do Instituto Karolinska, frisou a importância desse tempo ganho para tratar “um dos maiores assassinos do mundo ocidental”: “A cada minuto que passa do colapso à [ressuscitação cardiopulmonar] ou desfibrilação, as chances de sobrevivência caem cerca de 10%”.
Cidade subterrânea
Os cerca de 100 moradores de White Cliffs, no interior da Austrália, não são encontrados com facilidade, e por dois bons motivos: o calor reinante na região e a mineração de opalas. Temperaturas acima de 40oC são comuns na cidade, sobretudo nos últimos anos. Cientistas australianos dizem que o estresse por calor é a maior causa natural de mortes no país. Por outro lado, a extração de opalas, feita desde o século 19, favoreceu a criação de residências, hotéis e lojas subterrâneos. Resultado: o município adquiriu uma invejável experiência em tempos de economia de energia e subsistência autossuficiente.
Aquecimento global nos tribunais
Se os governos não combatem o aquecimento global e suas consequências, que tal levá-los à justiça? Esse caminho vem sendo adotado por diversos indivíduos e grupos no mundo, e o número de ações não para de crescer. Segundo um levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e da Faculdade de Direito da Universidade Columbia (EUA), os Estados Unidos, país que vai deixar o Acordo de Paris, lideram com folga nesse campo, com 654 ações relacionadas ao clima até maio, quase três vezes mais do que a soma dos outros países. Entre os casos marcantes nesse sentido está uma ação de 2007 na qual vários estados e cidades cobraram que a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) regulasse as emissões de gases-estufa. Os pleitos em outros países também contêm muitas iniciativas relevantes – o fazendeiro Ashgar Leghari, por exemplo, ganhou o processo contra o governo do Paquistão, acusado de “demora e letargia” para implementar políticas de adaptação à mudança climática. Conheça abaixo os maiores campeões do litígio climático.
escorpiões-imperadores, que podem chegar a 20 centímetros de comprimento, foram apreendidos em Uberaba (MG) pelo Ibama e pela Polícia Militar em junho. Os animais haviam sido embarcados na Nigéria e seus compradores brasileiros queriam vendê-los como animais de estimação, de acordo com o superintendente do Ibama em Minas Gerais, Rodrigo Helles.
Policial-robô
O primeiro policial robótico do mundo entrou em ação em maio em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Na foto ao lado, ele estava a postos perto do Burj Khalifa (o prédio mais alto do mundo), no centro da cidade, em 31 de maio, enquanto um canhão militar era preparado para ser acionado no pôr do sol, quando se encerrava o jejum para os muçulmanos no Ramadã. A polícia de Dubai segue fazendo história – já colocou Lamborghinis e Ferraris como viaturas para fazer patrulha em suas estradas – e pretende ampliar a participação de policiais-robôs para 25% da força até 2030.
Boa partida
As pessoas que estão morrendo se mostram, em média, bem mais positivas sobre o que está ocorrendo com elas do que pensam as demais, concluíram cientistas americanos em estudo publicado em junho na revista Psychological Science. A pesquisa comparou textos de indivíduos moribundos com descrições de pessoas que deveriam imaginar sua própria morte. Estas últimas descreveram o falecimento como algo negativo e preocupante, diferentemente daqueles que estavam de fato morrendo. “Pensamos que morrer é algo solitário e sem sentido, mas os textos finais de pacientes terminais e as últimas palavras de presidiários no corredor da morte são repletos de amor, conexão e significado”, afirma Kurt Gray, cientista da Universidade da Carolina do Norte e coautor do estudo.
milhões de pessoas trabalhavam no setor de energias renováveis em 2016 no mundo, segundo o relatório de 2017 da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) sobre empregos na área. Para a Irena, esse número deverá chegar a 24 milhões em 2030. Hoje, 62% desses empregos estão na Ásia, sobretudo na China. O Brasil é o vice-líder mundial no setor.
Gigante eólico
Um dos maiores complexos eólicos da América Latina foi inaugurado em junho na Chapada do Araripe, entre Pernambuco e Piauí. Composto por 14 parques (nove no Piauí e cinco em Pernambuco), 156 aerogeradores e potência instalada de 359 MW, capaz de abastecer 400 mil casas, o Ventos do Araripe III é resultado de um investimento de R$ 1,8 bilhão da empresa Casa dos Ventos. A iniciativa gera cerca de 1.500 empregos diretos e impulsiona o desenvolvimento local de outras formas: por volta de 70 famílias de Simões (PI) e Araripina (PE) arrendam suas propriedades para instalação das turbinas e recebem uma quantia calculada a partir da energia gerada, e projetos sociais estão sendo desenvolvidos para suprir as principais carências das comunidades. Com o complexo em ação, cerca de 500 mil toneladas de dióxido de carbono deixarão de ser emitidas na atmosfera por ano.
O planeta mais quente
Na lista de esquisitices cósmicas descobertas pelos astrônomos, um lugar especial vai para o planeta Kelt-9b, situado a 650 anos-luz de distância, na constelação do Cisne. Observações feitas a partir de telescópios dos EUA e da África do Sul revelaram que ele gira tão perto da sua estrela (cuja temperatura alcança 10.000 graus Celsius, cerca de o dobro da do nosso Sol) que sua superfície chega a mais de 4.300oC, o que o torna o planeta mais quente já descoberto. Ele mantém sempre a mesma face virada para seu sol, ao redor do qual gira em um dia e meio. A massa do Kelt-9b é três vezes maior que a de Júpiter, mas sua densidade é 50% da do maior planeta do nosso sistema. Em vez de moléculas de água, metano e dióxido de carbono, átomos de metais boiam na sua atmosfera.
Navios autônomos
Em até dez anos, os oceanos do mundo deverão ver em ação a primeira frota de navios de carga autônomos, prometem donos de estaleiros e empresas de navegação japoneses. De acordo com o jornal econômico Nikkei, uma coalizão dessas empresas já está empenhada em desenvolver embarcações com tais características para serem lançadas ao mar ainda em 2025. Segundo os planos dos criadores da ideia, os navios estarão equipados com aparelhos que acessarão a internet para reunir informações como as condições meteorológicas e de navegação previstas e definirão as rotas mais curtas, eficientes e seguras. As empresas envolvidas na iniciativa acreditam que, ao zerar a possibilidade de erros humanos, as novas embarcações vão reduzir drasticamente o número de acidentes nos mares.
Supericeberg a caminho
Uma rachadura já existente na plataforma de gelo Larsen C, na Antártida, aumentou surpreendentemente nos últimos tempos, anunciaram em junho cientistas da Universidade de Swansea (Reino Unido). Segundo eles, a fissura aumentou cerca de 17 quilômetros em apenas seis dias. Quando esse imenso pedaço de gelo se desprender – o que pode não demorar muito –, formará um dos maiores icebergs já registrados. A situação na Larsen C tem sido monitorada detalhadamente por sua possível relação com o aquecimento global. “Esse iceberg está nos dizendo que algo mudou, e não para melhor”, observou o cientista Ted Scambos, da Universidade do Colorado (EUA).
mil anos é a idade mínima de fósseis humanos encontrados no Marrocos por um grupo internacional de cientistas. A novidade, divulgada em junho na revista Nature, antecipa em 100 mil anos o início da espécie Homo sapiens e indica uma história evolutiva bem mais complexa do que se imaginava. Os restos mais antigos anteriores, achados na Etiópia, têm 195 mil anos.
Biomas em alerta
Divulgada no fim de abril, a segunda coleção de mapas do MapBiomas (Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil), iniciativa do Observatório do Clima em colaboração com 18 instituições, entre universidades, ONGs e empresas de tecnologia, não trouxe notícias muito boas em relação à cobertura vegetal do Brasil. Segundo o levantamento, entre 2001 e 2015 o país perdeu 20% de sua área de manguezais, em parte destruídos pela expansão urbana. O Pantanal, bioma brasileiro mais preservado, e o Cerrado também foram prejudicados, mas a Mata Atlântica teve um renascimento. Conheça outros dados revelados pelos mapas a seguir.
Machu Picchu: novos horários
Para preservar melhor as ruínas de Machu Picchu, o governo peruano vai implantar a partir de 1o de julho novos horários de visitação ao local. O acesso só será permitido em dois turnos: das 6h ao meio-dia e do meio-dia às 17h30. Os turistas do turno da manhã terão de sair obrigatoriamente ao meio-dia. A ideia é equilibrar o número de visitantes entre manhã e tarde – no máximo, 2.500 pessoas serão admitidas em cada turno. O novo esquema vai causar mudanças substanciais no planejamento de pacotes turísticos para o local, um dos mais visitados da América do Sul. As regras já funcionam para os ingressos comprados a partir de 1o de junho, no sistema online – vale lembrar que não há venda de ingressos na portaria.
Ilha do lixo
O plástico é onipresente até onde menos se espera: a Ilha Henderson, um atol desabitado no Pacífico Sul na região de Pitcairn, foi considerada por cientistas marinhos o local com a maior densidade de destroços antropogênicos já registrado no mundo, e 99,8% desse lixo é material plástico. Aproximadamente 38 milhões de artigos de plástico estão na ilha, de acordo com pesquisadores da Universidade da Tasmânia (Austrália) e da Sociedade Real para a Proteção dos Pássaros (RSPB, na sigla em inglês), do Reino Unido. O peso total desse lixo é estimado em 17,6 toneladas – uma forte evidência da enorme e “grotesca” extensão da poluição marinha, afirmam os cientistas. E o problema não para de aumentar: cerca de 13 mil itens chegam diariamente às costas da ilha.
vaquitas existem na natureza hoje, segundo o Comitê Internacional para a Recuperação da Vaquita (Cirva), o que torna essa espécie de golfinho do Golfo da Califórnia o cetáceo mais ameaçado do mundo. O número de vaquitas caiu mais de 90% desde 1997, sobretudo em função da pesca ilegal da corvina-branca – os dois animais são capturados juntos na mesma rede.