18/06/2018 - 8:10
Alertas (ainda) ao vento
Realizado em Brasília em março, o 8º Fórum Mundial da Água foi um daqueles eventos globais que mereciam muito mais relevância do que a obtida. A primeira edição do fórum no hemisfério sul contou com 15 chefes de Estado e participantes de 160 países. Mais de 100 mil pessoas foram à Vila Cidadã, o espaço aberto no Estádio Mané Garrincha com atividades voltadas para melhorar o uso da água. Pela primeira vez, viu-se um tribunal de justiça pela água em ação, simulando o que deverá ser a mais alta instância jurídica para tratar de questões sobre recursos críticos de água doce. Outra inovação de sucesso foi o Grupo Focal de Sustentabilidade, destinado a garantir a incorporação das questões de sustentabilidade aos processos das demais comissões do fórum. Mas a premência dos temas abordados ainda não garantiu uma agenda global que dê à água e à sua gestão o destaque devido. Talvez ela surja no 9º Fórum, no Senegal, em 2021.
vírus gigantes foram descobertos no Brasil, segundo estudo publicado na revista “Nature Communications” no fim de fevereiro. Pertencentes a um novo gênero batizado de Tupanvirus, eles podem ser observados em microscópios comuns, têm uma complexidade genética jamais vista em outros vírus, não causam doenças e infectam basicamente amebas.
Parque dos pandas
O Banco da China anunciou em março que vai destinar pelo menos US$ 1,5 bilhão para a construção de um enorme parque dedicado à conservação dos pandas gigantes na província de Sichuan, no sudoeste do país. Segundo o governo da província, o parque, que terá uma área de 2 milhões de hectares (metade do Parque Nacional Montanhas de Tumucumaque, o maior do Brasil), deverá ser constituído até 2023. Mascotes não oficiais da China, os pandas gigantes vivem sobretudo nas montanhas de Sichuan, além das províncias vizinhas de Gansu e Shaanxi. Calcula-se que 1.864 vivem na natureza, ameaçados pela perda de hábitat, e 300 estão em cativeiro.
Companhia para solitários
As quase cinco décadas de vigência da política de filho único na China – que, em função de costumes locais, favoreceu o nascimento de meninos – e o envelhecimento da população abriram um nicho de mercado diferente no país. A Exdoll, sediada em Dalian, no nordeste chinês, quer colocar à disposição de homens solitários e aposentados um novo tipo de companhia: bonecas de sexo “inteligentes”, que podem conversar, tocar música e ativar máquinas de lavar louça. A foto acima mostra operários retocando bonecas de silicone numa fábrica da empresa.
Vida (feia) das profundezas
Durante uma viagem da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth (CSIRO, na sigla em inglês) realizada no início do ano no litoral da Nova Gales do Sul (Austrália), foram coletadas em um abismo profundo e frio mais de 100 espécies de peixes raramente vistas. O exemplar da foto acima, batida por Asher Flatt no Marine National Facility em Hobart (Tasmânia), é um peixe-bolha (Psychrolutes marcidus) encontrado a 2.500 metros de profundidade, cujas feições não ficam muito longe de um parente que se tornou emblema da feiura, Mr. Blobby (Psychrolutes microporos), achado no litoral da Nova Zelândia em 2015.
Pets clonados
Ainda não se sabe se os motivos éticos para as restrições à clonagem vão prevalecer, mas no universo dos animais de estimação eles já foram vencidos. Em depoimento publicado em fevereiro na revista “Variety”, a cantora e atriz americana Barbra Streisand declarou que havia feito dois clones de sua cadelinha Samantha, da raça Coton de Tulear, antes da morte do animal, no ano passado, aos 14 anos de idade. A cantora disse que as células para a clonagem haviam sido retiradas da boca e do estômago da cadela. Miss Scarlet e Miss Violet, resultantes do processo, já demonstraram ter personalidades diferentes, afirma Barbra, que vai esperar que elas fiquem mais velhas para conferir se vão manifestar os olhos castanhos e a seriedade de Samantha.
Dinheiro escasso
O Brasil segue enxugando gastos, e na área ambiental a tendência não é diferente. Da União aos municípios, todos os entes da federação usaram a tesoura, revela o estudo do WWF-Brasil e da Associação Contas Abertas “Financiamento público em meio ambiente – Um balanço da década e perspectivas”. O trabalho aborda os gastos públicos em meio ambiente no país nos últimos dez anos e foi divulgado em março. Até mesmo áreas vitais, como o monitoramento e a fiscalização do desmatamento, a conservação da biodiversidade e a gestão dos recursos hídricos – que provêm serviços essenciais para a sociedade, como o equilíbrio climático, alimentos e água –, foram penalizadas. Confira a seguir alguns dos números apresentados no estudo.
Hiperturbina
A indústria de energia eólica fez décadas atrás uma opção por turbinas grandes, as maiores das quais têm cerca de 80 metros de altura. Uma novidade da americana General Electric promete, se bem-sucedida, sacudir novamente esse mercado: a Haliade-X chega a 260 metros de altura e pode gerar até 67 gigawatts-hora, 45% a mais do que as mais potentes turbinas atuais e capaz de abastecer sozinha 16 mil domicílios. Segundo a GE, a nova turbina será comercializada a partir de 2021, mas ainda não se sabe onde ela seria posicionada. A tendência é que essa gigante seja instalada no mar, a fim de melhorar o retorno do investimento das fazendas eólicas montadas nesse ambiente.
Robô na lanchonete
Os robôs estão chegando aos restaurantes – pelo menos os de fast food. O pioneiro é Flippy, criado pela Miso Robotics, de Pasadena (Califórnia) e em atividade em uma unidade da rede CaliBurger, que também tem lojas no Canadá, no México e na China. Flippy, cujo modelo básico custa US$ 60 mil, tem, entre outros itens, “olhos” térmicos que monitoram o processo de feitura do hambúrguer, um braço com espátula capaz de virar a carne e retirá-la da chapa no ponto desejado e sistemas que alertam seus colegas humanos sobre o momento adequado de pôr queijo, alface, tomate ou temperos. Segundo o fabricante, o robô faz até 300 hambúrgueres por hora. Para a direção do CaliBurger, essa pode ser uma solução para a rotatividade de empregados nas cozinhas da rede.
horas será o período semanal máximo de trabalho na Coreia do Sul, segundo uma lei aprovada em março pela Assembleia Nacional que entrará em vigor a partir de julho. Os empresários se opõem à medida, vista como necessária para criar mais empregos e melhorar os padrões de vida e a produtividade. Antes dela, o período semanal máximo era de 68 horas.
Parada dos elefantes
Durante três semanas, iniciadas em 25 de fevereiro, locais importantes de Mumbai, a maior cidade da Índia, receberam 101 esculturas de elefantes, no que é considerado o maior evento público de arte do mundo, o Elephant Parade. A iniciativa faz parte de uma campanha voltada para aumentar a conscientização sobre a difícil situação dos elefantes-asiáticos da Índia, ameaçados principalmente pela atividade humana e cuja população diminuiu 90% nos últimos 100 anos. Depois de expostas, as esculturas, pintadas pelos nomes mais destacados da arte e do design do país, foram vendidas em leilão, e o dinheiro arrecadado foi destinado a fundos que desenvolvem projetos de defesa desses animais.
anos tem a mensagem em garrafa mais antiga já encontrada, descoberta em março na costa oeste da Austrália. O papel contém informações datadas de 12 de junho de 1886 sobre as coordenadas do navio alemão Paula, que estava a 950 km do lugar onde a garrafa foi achada. O Paula participava de uma pesquisa científica sobre correntes marinhas.
Leque ampliado
Dez práticas foram incluídas em março entre as terapias complementares oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além de algumas opções mais conhecidas, como hipnoterapia, aromaterapia, cromoterapia, terapia de florais, a lista inclui métodos como a constelação familiar (abordada na edição 518 de PLANETA em “Passado Corrigido”) e a imposição de mãos. Para o Ministério da Saúde, a medida ajuda a promover o bem-estar e reduzir o estresse dos atendidos. A definição sobre adotar ou não essas terapias pertence às unidades de saúde de estados e municípios. De modo previsível, o Conselho Federal de Medicina foi contrário às inclusões. A entidade reconhece apenas duas das agora 29 terapias complementares: acupuntura e homeopatia – desde que praticadas por médicos.
Mirna Grzich (1951-2018)
A jornalista, escritora, radialista e terapeuta Mirna Grzich, que nos deixou em março, foi a grande responsável pela difusão no Brasil da música new age, graças a seu programa semanal “Música da Nova Era”, transmitido entre 1987 e 1996 pelas rádios Eldorado FM (São Paulo), Jornal do Brasil AM e Globo FM (Rio de Janeiro) e Guarany FM (Belo Horizonte). Antes disso, ela morou na Califórnia, onde esteve em contato com a nata do meio científico-espiritualista da época. Além de escrever livros, ela também foi responsável pela revista mensal “Meditação”, publicada pela Editora Três de 1998 a 2003, e pela série em fascículos “Anjos, tudo que você queria saber”, em 1995.
Entranhas de Júpiter
Quatro estudos separados publicados em março na revista “Nature”, baseados em dados coletados pela sonda Juno, da Nasa, revelaram de forma inédita o interior de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar. As descobertas, baseadas em medidas gravitacionais de alta precisão, mostram que as características bandas listradas jupiterianas, causadas por ventos extremamente poderosos, se estendem até cerca de 3.000 km abaixo da superfície. Os estudos também apontaram, ainda de forma parcial, que o planeta tem um núcleo e 96% dessa parte interna gira “como um corpo sólido”, embora tecnicamente ele seja composto de uma mistura extraordinariamente densa de dois gases, hidrogênio e hélio. Além disso, descobriram-se detalhes do campo gravitacional do planeta (surpreendentemente assimétrico), dos fluxos atmosféricos, da composição interior e dos ciclones polares.