15/02/2023 - 8:48
Em 2 de fevereiro, câmeras voltadas para o Sol registraram um espetáculo impressionante: durante oito horas, uma densa nuvem de plasma se elevou da atmosfera da nossa estrela, circulou seu polo norte a milhares de quilômetros por minuto e depois desceu. O evento, captado pelo Solar Dynamics Observatory da Nasa, viralizou no Twitter a partir de uma postagem da comunicadora científica Tamitha Skov, pesquisadora da Aerospace Corporation na Califórnia (EUA).
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“Fale sobre o Vórtice Polar!”, escreveu a drª Skov na rede social. “O material de uma proeminência do norte acabou de se separar do filamento principal e agora está circulando em um enorme vórtice polar ao redor do polo norte de nossa estrela.”
O fenômeno não é propriamente incomum. Essas proeminências de plasma (o gás eletricamente carregado presente em todas as estrelas) são frequentes e podem circular no espaço por centenas de milhares de quilômetros ao longo de linhas de campo magnético. Desta vez, porém, foi notado um detalhe diferente: a proeminência permaneceu por horas no ar, circundando o polo norte do Sol, antes de se desfazer repentinamente.
Ciclone de plasma
Skov e outros pesquisadores compararam o ciclone de plasma resultante a um vórtice polar como os que observamos na Terra: um tipo de sistema de baixa pressão que, no inverno, forma grandes arcos de ar gelado sobre os polos.
Embora o ciclone de plasma seja um elemento básico do ciclo solar de 11 anos, os cientistas ainda desconhecem os mecanismos exatos de sua formação e evolução. “Uma vez a cada ciclo solar, ele se forma na latitude de 55 graus e começa a marchar até os polos solares”, disse Scott McIntosh, físico solar e vice-diretor do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR, na sigla em inglês), ao site Space.com. “É muito curioso. Há um grande ‘por que’ em torno disso. Por que ele só se move em direção ao polo uma vez e depois desaparece e depois volta, magicamente, três ou quatro anos depois exatamente na mesma região?”
As proeminências aparecem mais comumente à medida que o ciclo de atividade de 11 anos do sol aumenta em direção ao máximo solar, o período de pico da atividade magnética do Sol. Durante esse período (o próximo deverá começar em 2025), as linhas do campo magnético do sol se emaranham e se rompem com alta frequência, criando muitas manchas solares e expelindo grandes fluxos de plasma para o espaço.
Isoladamente, as proeminências não representam perigo para a Terra. Se, no entanto, elas levarem à liberação de grandes erupções de gás ionizado a alta temperatura, as chamadas ejeções de massa coronal (EMCs), que passem pelo campo magnético terrestre – o que não foi o caso desta vez –, o resultado são tempestades geomagnéticas, que causam danos nos meios de comunicações e estações elétricas, além de provocar auroras em latitudes bem mais baixas que o normal.