A terceira xícara de café (ou de qualquer outra bebida com cafeína) no mesmo dia pode aumentar o risco de uma severa dor de cabeça em pessoas propensas a ter enxaqueca que tomam até duas doses diárias. O alerta vem de um estudo da Universidade Harvard e do Beth Israel Deaconess Medical Center (EUA) publicado ontem online na revista “American Journal of Medicine” e abordado no site da universidade. Os cientistas descobriram também que esses indivíduos têm um risco aumentado de desenvolver enxaqueca no dia seguinte ao da ingestão da dose extra.

Segundo Elizabeth Mostofsky, pesquisadora do Beth Israel Deaconess Medical Center e da Escola de Saúde Pública T.H. Chan de Harvard que coliderou o estudo, a tolerância de uma pessoa à cafeína provavelmente influencia seu risco de enxaqueca depois de ingerir bebidas com essa substância. Por outro lado, quem consome muita cafeína pode desenvolver dores de cabeça se beber menos do que a dose habitual.

Para analisar o impacto da cafeína nas enxaquecas, Mostofsky e seus colegas recrutaram 98 voluntários (em sua maioria mulheres) que sofriam de duas a 15 dores de cabeça por mês. Aos voluntários solicitou-se que mantivessem diários que acompanhassem os fatores do estilo de vida, como consumo de cafeína e álcool, atividade física e níveis de estresse, por pelo menos seis semanas.

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Dois terços dos participantes relataram consumir de uma a duas bebidas com cafeína por dia, enquanto 20% disseram que normalmente não as ingeriam. Os que relataram beber três a quatro doses por dia somaram 12%. No total, os participantes relataram 825 enxaquecas durante os 4.467 dias do estudo.

 

Risco crescente

Para aqueles que normalmente tomavam uma ou duas xícaras por dia, três ou mais bebidas com cafeína nesse período estavam ligadas a um aumento do risco de dores de cabeça. O risco crescia à medida que o número de porções aumentava. As pessoas que consumiam três ou mais doses aumentaram 1,4 vez mais chance de ter enxaqueca no mesmo dia; já aquelas que consumiam cinco ou mais porções apresentaram 2,61 vezes mais chances de sofrer de dor de cabeça no mesmo dia.

“A coisa complexa em relação à cafeína é que às vezes ela é prejudicial e às vezes é benéfica”, disse Mostofsky. “Isso realmente está relacionado à dose e a frequência de ingestão.”

Outro estudo, publicado esta semana na revista “Sleep” e também noticiado pelo site NBC News, descobriu que as bebidas cafeinadas consumidas em até quatro horas antes de dormir não estão associadas a um sono mais curto ou interrompido.

A pesquisa acompanhou 785 afro-americanos que usavam sensores de movimento enquanto dormiam e mantinham diários detalhando o consumo de álcool, nicotina e cafeína. Ao contrário da cafeína, o álcool e a nicotina ingeridos no intervalo de até quatro horas antes do sono afetaram o tempo de sono das pessoas.