30/07/2025 - 10:28
Zoológico de Nuremberg afirmou que medida era necessária para conter superlotação e que outros zoos não aceitaram receber animais. ONGs apresentaram queixa-crime por violação das leis de proteção animal.O Zoológico de Nuremberg, no sul da Alemanha, sacrificou 12 macacos saudáveis da espécie babuíno-da-guiné nesta terça-feira (29/07), afirmando que a medida era necessária para conter o crescimento descontrolado do grupo.
De acordo com a administração do local, a população de babuínos cresceu de forma excessiva, provocando superlotação e aumentando os conflitos entre os animais. As tentativas de controle por meio de métodos contraceptivos fracassaram, e as autoridades não conseguiram encontrar outros zoológicos que aceitassem receber parte do grupo.
O zoológico, que foi fechado na terça-feira por “motivos operacionais”, anunciou o plano inicialmente em fevereiro de 2024, observando que o grupo de babuínos chegou a 40 indivíduos, embora as instalações tivessem sido projetadas originalmente para abrigar apenas 25 animais da espécie.
O diretor do zoológico, Dag Encke, disse que expandir o espaço não era possível, assim como não era viável soltar os animais na natureza.
Grupos criticam “políticas de reprodução irresponsáveis”
Grupos de defesa dos direitos dos animais criticaram a decisão e ameaçaram processar a administração do zoológico, afirmando que o problema foi criado pela própria gestão.
“O que temíamos que acontecesse, aconteceu. Animais saudáveis precisaram ser mortos porque o zoológico manteve políticas de reprodução irresponsáveis e insustentáveis por décadas”, disse a ONG de defesa da biodiversidade Pro Wildlife. “Essa eliminação poderia ter sido evitada e é ilegal.”
A organização apresentou uma queixa-crime contra o zoológico por violação das leis de proteção animal.
“A lei [alemã] de proteção animal permite o abate de vertebrados apenas se houver uma justificativa razoável”, explicou Christoph Maisack, que lidera a Associação Jurídica Alemã para o Direito de Proteção Animal (DJGT). “Deixar que eles se reproduzam de forma descontrolada não constitui uma justificativa.”
Segundo o diretor Dag Encke, a administração agiu de acordo com os critérios estabelecidos pela Associação Europeia de Zoológicos e Aquários (Eaza), que prevê que o abate pode ser “um último recurso legítimo para preservar a população.”
O chefe de biologia do zoológico, Jörg Beckmann, afirmou que nenhuma fêmea prenha ou animal sob observação científica foi morto, acrescentando que os animais abatidos foram dados como alimento a predadores após serem sacrificados.
Sete manifestantes presos por invasão
Desde que foi anunciado, o plano provocou protestos frequentes, com ativistas se acorrentando à entrada do zoológico e aos recintos dos babuínos em protesto contra a decisão.
Nesta terça-feira, sete pessoas foram presas ao invadir o zoológico como forma de protesto. Uma delas se colou no chão da entrada do complexo.
“Sabemos que muitos acharão difícil compreender esta decisão, que ela irritou, entristeceu ou enfureceu essas pessoas”, disse a administração do zoológico, em nota.
A Associação Alemã de Proteção Animal (Deutsche Tierschutzbund) divulgou um comunicado dizendo que o zoológico quebrou um tabu e alertou que outros animais poderiam ter o mesmo destino.
“A responsabilidade pelo bem-estar dos animais que o zoológico abriga e reproduz não termina quando o espaço fica apertado ou quando o financiamento e a organização se tornam difíceis”, disse o grupo em nota.
Agora, grupos de direitos dos animais pedem que políticos fiscalizem mais de perto as políticas de reprodução dos zoológicos.
gq (DW, AP, AFP)